sábado, 2 de maio de 2009

1. Termos Bíblicos Para a Regeneração e Suas Implicações

a. Os Termos que Entram em Consideração: O vocábulo grego para “regeneração” [paliggenesia - palingenesia] só se acha em Mt 19:28 e Tt 3:5, e somente nesta última passagem se refere ao início de uma nova vida do cristão individual. A idéia deste início é mais comummente expressa pelo verbo genaw (com anoqen em Jo 3:3), ou seu composto anagennaw. Estas palavras significam, ou gerar, gerar de novo, ou dar à luz, dar nascimento (Jo 1:13; Jo 3:3-8; I Pe 1:23; I Jo 2:29; I Jo 3:9; I Jo 4:7; I Jo 5:1,4,18). Numa passagem, a saber, Tg 1:18, é empregada a palavra apokuew, dar a luz, gerar, produzi. Ademais, a idéia da produção de uma nova vida é expressa pela palavra ktizw, “criar” (Ef 2:10), e o produto desta nova criação é chamada kainh ktisij, “nova criatura”, (II Co 5:17; Gl 6:15), ou kainoj anqropoj, “novo homem”, (Ef 4:24). Finalmente, o termo suzoopoiew, dar vida com, vivificar com, também é empregado num par de passagens (Ef 2:5; Cl 2:13).

b. Implicações Destes Termos: Estes termos levam consigo várias implicações importantes, para as quais se deve dirigir a atenção.

* A regeneração é uma obra criadora de Deus e, portanto, é uma obra no qual o homem é puramente passivo.

* A obra criadora de Deus produz uma vida nova (Ef 2:10).

* Devemos distinguir dois elementos da regeneração, quais sejam, geração ou produção da nova vida, e o dar à luz ou o nascimento, pelo qual a nova vida é trazida à luz. A geração implanta o princípio da nova vida na alma, e o novo nascimento faz que este princípio se ponha a afirmar-se em ação.

2. Emprego do Termo Regeneração na Teologia

a. Na Igreja Primitiva e na Teologia Católica: No modo de entender da igreja primitiva o termo “regeneração” era utilizado para indicar uma mudança estreitamente ligada à purificação dos pecados, e não se fazia distinção entre regeneração e a justificação. Agostinho não traçou uma linha incisiva aí, mas distinguia entre a regeneração e a conversão. Para ele, a regeneração inclui, em acréscimo à remissão do pecado, somente uma mudança inicial no coração, seguida por uma conversão posterior. Ele a concebia como uma obra estritamente monergista de Deus, na qual o sujeito humano não pode cooperar e à qual o homem não pode resistir. Para Pelágio, naturalmente, “regeneração” não significava o nascimento de uma nova natureza, mas o perdão de pecados no batismo, a iluminação da mente pela verdade e a estimulação da vontade pelas promessas divinas. A confusão de regeneração e justificação, já visível em Agostinho, tornou-se mais profunda ainda no escolasticismo. De fato, a justificação tornou-se o conceito mais proeminente dos dois, era entendida como incluindo a regeneração e e ra concebida como um ato no qual Deus e o homem cooperam. Na Igreja Católica, a justificação não é concebida como um ato forense, mas como um ato ou processo de renovação. Nela o homem não é declaro, mas feito justo.

b. Pelos Reformadores e nas Igrejas protestantes: Calvino usava o termo “regeneração” num sentido muito compreensivo, como designativo de todo o processo pelo qual o homem é renovado, incluindo, além do ato divino que origina a nova vida, também a conversão (arrependimento e fé) e a santificação. Vários escritores do século XVII não distinguiam entre a regeneração e a conversão, e empregavam os dois termos um pelo outro. Na teologia reformada calvinista do presente, a palavra “regeneração” é geralmente usada num sentido restrito, como designativo do ato divino pelo qual o pecador é dotado de nova vida espiritual, e pelo qual o princípio dessa nova vida é posto em ação pela primeira vez. Assim concebida, ela inclui tanto a nova geração como o novo nascimento, em que a nova vida se torna manifesta. Contudo, em estrita harmonia com o sentido literal da palavra “regeneração”, o termo é às vezes empregado num sentido ainda mais limitado, para denotar simplesmente a implantação da nova vida na alma, sem as primeiras manifestações desta vida.

3. A Natureza Essencial da Regeneração

a. As Características Positivas da Regeneração

i. A regeneração consiste na implantação do princípio da nova vida espiritual no homem, numa radical mudança da disposição dominante da alma, que, sob a influência do Espírito Santo, dá nascimento a uma vida que se move em direção a Deus. Esta mudança afeta o intelecto (I Co 2:14,15; II Co 4:6; Ef 1:18; Cl 3:10), a vontade (Sl 110:3; Fp 2:13; II Ts 3:5; Hb 13:21) e os sentimentos ou emoções (Sl 42:1,2; Mt 5:4; I Pe 1:8).

ii. É uma transformação instantânea da natureza do homem, afetando imediatamente o homem todo, intelectual, emocional e moralmente. A afirmação de que a regeneração é uma mudança instantânea implica em duas coisas:

* Que não é uma obra que vai sendo levada a efeito gradativamente na alma, como ensinam os católicos e todos os semipelagianos; ou a pessoa está viva ou está morta espiritualmente.

* Que não é um processo gradual como a santificação.

iii. É uma mudança que ocorre na vida subconsciente. É uma secreta e inescrutável obra de Deus que o homem nunca percebe diretamente; só pode percebe-la em seus efeitos.

b. Definição de Regeneração

Regeneração é o ato de Deus pelo qual o princípio da nova vida é implantado no homem, e a disposição dominante da alma é tornada santa. Mas, a fim de incluir a idéia do novo nascimento, como também a da nova geração, será necessário complementar a definição com as seguintes palavras: “... e o primeiro exercício santo desta nova disposição é assegurado”.

c. Conceitos Errôneos

i. A regeneração não é uma mudança ocorrida na substância da natureza da alma. Nenhuma nova semente física, nenhum germe físico é implantado no homem; tampouco há qualquer adição ou subtração às faculdades da alma.

ii. Não é simplesmente uma mudanaça ocorrida numa ou mais faculdades da alama, como, por exemplo, da vida emocional (sentimentos ou coração) pela remoção da aversão às coisas divinas, ou do intelecto, pela iluminação dda mente que se acha obscurecida pelo pecado, como a consideram os racionalistas. Ela afeta o coração compreendido no sentido bíblico da palavra, isto é, como o órgão central e totalmente dominante da alma, do qual “procedem as fontes da vida” (Pv 4:23). A regeneração afeta a natureza humana em sua totalidade.

iii. Não é uma mudança completa ou perfeita da natureza total do homem ou de alguma parte dela, de sorte que ela não é mais capaz de pecar, como ensinavam os anabatistas. Ela não abrange a conversão e a santificação.

4. A vocação Eficaz em relação à Vocação Externa e à Regeneração

a. Sua Inseparável Conexão com a Vocação Externa

Pode-se dizer que a vocação de Deus é uma só, e a distinção entre uma vocação externa e uma vocação interna ou eficaz simplesmente acha a atenção para o fato de que esta vocação única tem dois aspectos. Não significa que estes dois aspectos estão sempre unidos e sempre andem juntos. Não asseveramos, como os luteranos, que “a vocação interna é sempre concorrente com o ouvir a palavra”. Significa, porém, que onde ação interna chega aos adultos, é mediada pela pregação da palavras. A mesma Palavra ouvida na vocação externa torna-se eficiente no coração, na vocação interna. Pela poderosa aplicação feita pelo Espírito Santo, a vocação externa passa direto para a vocação interna.

Mas, embora esta vocação esteja estreitamente relacionada com a vocação externa e forme uma unidade com ela, há certos pontos de diferença, são eles:

i. É uma vocação pela Palavra salvadoramente aplicada pela operação do Espírito Santo (I Co 1:23,24; I Pe 2:9).

ii. É uma vocação poderosa, isto é, uma vocação que é eficaz para a salvação ( At 13:48; I Co1:23,24).

iii. É sem arrependimento, isto é, não está sujeita a mudança e jamais será retirada (Rm 11:29).

b. Características da Vocação Interna

i. Ela age por meio da persuasão moral, mais a poderosa operação do Espírito santo: surge a questão sobre se nesta vocação (como distinta da regeneração) a Palavra de Deus age de maneira criadora ou pela persuasão moral. Pois bem, não há dúvida de que às vezes se diz que a Palavra de Deus age de maneira criadora (Gn 1:3; Sl 33:6,9; Sl 147:15; Rm 4:17). Mas estas passagens se referem à Palavra do poder de Deus, a seu mando cheio de autoridade, e não à Palavra da pregação. O Espírito santo opera através da pregação da Palavra somente de maneira persuasiva, dando eficiência às suas palavras de persuasão, para que o homem ouça a voz do seu Deus. Porém, que esta persuasão moral ainda não constitui a totalidade da vocação interna, requer-se em acréscimo a isso, uma poderosa operação do Espírito Santo, aplicando a Palavra ao coração.

ii. Ela opera na vida consciente do homem. Se a Palavra da pregação não opera criadoramente, mas somente de maneira persuasiva, segue-se que ela só pode agir na vida consciente do homem. Ela se dirige ao entendimento, que o Espírito reveste de discernimento espiritual da verdade, e por meio do entendimento, influencia efetivamente a vontade, de modo que o pecador se volta para Deus. A vocação interna necessariamente redunda na conversão, isto é, num consciente abandono do pecado rumo à santidade.

iii. Ela é teleológica. A vocação interna é de caráter teleológico, isto é, chama o homem para certo fim. É uma vocação para a comunhão de Jesus Cristo (I Co 1:9); par herdarem bênçãos (I Pe 3:9); para a liberdade (Gl 5:13); para a paz (I Co 7:15); para a santidade (I Ts 4:7); para uma esperança única (Ef 4:4); para a vida eterna ( I Tm 6:12); e para o reino e glória de Deus (I Ts 2:12).

c. Relação da Vocação Eficaz com a Regeneração

i. Pontos de diferença entre a regeneração e a vocação eficaz: a regeneração no sentido mais estrito da palavra, isto é, como nova geração, tem lugar na vida subconsciente do homem, e independe por completo de qualquer atitude que ele possa assumir com referência a ela. A vocação, por outro lado, dirige-se à consciência e implica certa disposição da vida consciente. A regeneração age de dentro, enquanto que a vocação age de fora. Ademais, a regeneração é uma operação criadora, pela qual o homem é levado de uma condição para outra, de uma condição de morte espiritual para uma condição de vida espiritual. A vocação eficaz, por outro lado, é teleológica, induz a nova vida e aponta numa direção que ruma para Deus.

ii. A ordem relativa da vocação e da regeneração: (1) Logicamente, a vocação externa, que ocorre na pregação (exceto no caso das crianças) geralmente precede à operação regeneradora do espírito santo, ou coincide com ela. (2) Depois, por uma palavra criadora, Deus gera a nova vida , mudando a disposição da alma, iluminando a mente, incitando os sentimentos e renovando a vontade. Neste ato de Deus, não implantados os ouvidos que capacitam o homem a ouvir o chamamento de Deus para a salvação. isto é regeneração no sentido mais restrito da palavra. Nela o homem é inteiramente passivo. (3) Tendo recebido os ouvidos espirituais, o chamamento de Deus pelo Evangelho é agora ouvido pelo pecador e é levado efetivamente ao coração, capacitando-o para compreende-lo. O desejo de resistir é transformado num desejo de obedecer, e o pecador se rende à influência persuasiva da Palavra pela operação do Espírito Santo. Esta é a vocação eficaz, pela instrumentalidade da palavra da pregação, efetivamente aplicada pelo espírito de Deus. (4) Finalmente, esta vocação eficaz assegura os primeiros exercícios santos da nova disposição que nasceu na alma. Esta é a consumação da obra de regeneração, no mais amplo sentido da palavra, e o ponto em que ela passa a ser conversão.

Agora não devemos cometer o engano de considerar esta ordem lógica como uma ordem cronológica aplicável a todos os casos. Muitas vezes a nova vida é implantada nos corações das crianças muito tempo antes de poderem ouvir o chamamento do evangelho, todavia, elas só são revestidas desta vida onde se prega o Evangelho. Sempre há, por certo, um chamamento criado por Deus, pelo qual a nova vida é produzida. Vejamos os seguintes casos:

i. No caso das que vivem sob a administração do Evangelho, existe a possibilidade de receberem elas a semente da regeneração muito antes de chegarem à idade da discrição e, portanto, muito antes também, da penetração da vocação eficaz em sua consciência. Contudo, é muito improvável que, sendo regeneradas, vivam em pecado durante anos, e ainda depois de terem atingido a maturidade, sem darem, quaisquer evidências da nova vida nelas existente.

ii. No caso das que não vivem sob a administração da aliança, não há razão para supor um intervalo entre o tempo da sua regeneração e o da sua vocação eficaz. Na vocação eficaz, elas se tornam imediatamente cônscias da sua renovação, e imediatamente vêem a semente da regeneração germinando para a nova vida. Isso significa que a regeneração, a vocação eficaz e a conversão coincidem.

4. A Necessidade da Regeneração

a. Decorre do que a Escritura Ensina a Respeito da Condição Natural do Homem: A santidade ou conformidade com a lei divina é a condição indispensável para a segura obtenção do favor divino (Hb 12:14). Mas, na Escritura, o homem é descrito como morto em delitos e pecados (Ef 2:1), e esta condição requer nada menos do que uma recuperação da vida. Uma mudança interior radical é necessária, uma mudança que altere a disposição da alma.

b. A Escritura a Afirma Expressamente: A Escritura não nos deixa dúvida acerca da necessidade da regeneração. Em vários textos esta é tida como necessidade absoluta (Jo 3:3; I Co 2:14; Gl 6:15; Jr 13:23; Rm 3:11; Ef 2:3,4).

5. A Causa Eficiente da Regeneração

Há somente três conceitos fundamentais diferentes a considerar, e todos os demais são modificação destes

a. A Vontade Humana: De acordo com a concepção pelagiana, a regeneração é unicamente um ato da vontade humana. Uma modificação deste conceito é a dos semipelagianos e arminianos, que consideram, ao menos em parte, como um ato do homem, cooperando com influências divinas aplicadas mediante a verdade. Estes dois conceitos envolvem uma negação da depravação total do homem, tão claramente ensinada na Palavra de Deus (Jo 5:42; Rm 3:9-18; R 7:18,23; Rm 8:7; II Tm 3:4) e da verdade bíblica de que é Deus que inclina a vontade do homem (Rm 9:16; Fp 2:13).

b. A Verdade: Segundo este conceito, a verdade, como um sistema de motivos, apresentada à vontade humana pelo Espírito santo, é a causa imediata da mudança da impureza para a santidade. Esta era a idéia de Charles G. Finney. Este conceito presume que a obra do Espírito Santo difere da do pregador apenas em grau. Ambos agem somente pela persuasão. Contudo, A verdade só poderá ser um motivo para a santidade ser for amada, e o homem natural não ama a verdade, mas a odeia (Rm 1:18,25). Consequentemente, a verdade, apresentada externamente, não pode ser a causa eficiente da regeneração.

c. O Espírito Santo: O único conceito adequado é o de que o Espírito Santo é a causa eficiente da regeneração. Significa que o espírito Santo age diretamente no coração do homem e muda a sua condição espiritual. Não há nenhuma cooperação do pecador nesta obra. (Ez 11:19; Jo 1:13; At 16:14; Rm 9:16; Fp 2:13). Isto naturalmente, não significa que o homem não coopere com o Espírito de Deus nos estágios posteriores da obra da redenção.

6. O Emprego da Palavra de Deus Como Instrumento da Regeneração

a. Conceitos Concernentes a Esta Questão

Alguns teólogos da escola de Saumur, como Cameron e Pajon, ensinavam que na regeneração, o Espírito santo ilumina e convence sobrenaturalmente a mente ou intelecto de maneira tão poderosa, que a vontade não pode deixar de seguir os ditames dominantes do juízo prático. Ele opera só imediatamente no intelecto, e, por meio deste, age mediatamente na vontade. Segundo eles não há nenhuma operação imediata do espírito na vontade do homem.

Em oposição a estes homens, os teólogos reformados geralmente acentuam o fato de que, na regeneração, o Espírito opera também diretamente na vontade do homem e não apenas por intermédio do intelecto.

Diante destes dois pontos de vistas divergentes, deve-se observar que, a questão não é se Deus opera a regeneração por meio de uma palavra criadora. Admite-se geralmente que o faz. Tampouco é se Ele emprega a palavra da verdade, a palavra da pregação, para o novo nascimento, como distinta da geração divina do novo homem, isto é, para assegurar os primeiros exercícios santos da nova vida. A questão real é se Deus, ao implantar ou gerar a nova vida, emprega a palavra da Escritura ou a palavra da pregação como instrumento ou meio para a regeneração.

b. Considerações que Favorecem Uma Resposta Negativa

i. A regeneração é um ato criador, pelo qual o pecador espiritualmente morto é devolvido à vida. Mas a verdade do Evangelho só pode agir de maneira moral e persuasiva. Tal instrumento não tem efeito sobre os mortos. Afirmar o seu uso pareceria implicar uma negação da morte espiritual do homem.

ii. A regeneração tem lugar na esfera do subconsciente, ao passo que a verdade se dirige à consciência do homem. Ela só pode exercer a sua influência persuasiva quando a atenção do homem está posta nela..

iii. A Bíblia distingue entre a influência do Espírito Santo e a da Palavra de Deus, e declara que aquela influência é necessária para o recebimento própria da verdade (Jo 6:64,65; At 16:14; I Co 2:12-15; Ef 1:17-20).

c. Passagens Bíblicas que Parecem Provar o Contrário:

i. Em Tg 1:18 temos: Pois, segundo o seu querer ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos feitos primícias da suas criaturas”. Contudo, o termo aqui empregado é apeku,hsen [apekyesen], que não se refere ao ato de gerar, mas, sim, ao ato de dar nascimento.

ii. Em I Pe 1:23 lemos “regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus”. Entretanto, é perfeitamente válido assinalar que, mesmo gennaw [gennao] nem sempre se refere ao gerar masculino, mas também indica p ato feminino de dar nascimento a filhos (Lc 1:13,57; Lc 23:29; Jo 16:21; Gl 4:24). Consequentemente, não há base para a asserção de que Pedro refere-se ao ato inicial da regeneração, a saber, à geração. E se refere à regeneração num sentido mais amplo, não oferece nenhuma dificuldade quanto à matéria aqui em consideração.

iii. Quanto a parábola do semeador devemos lembrar que, a palavra só dá fruto nos casos em que ela cai em bom terreno, em corações preparados de modo tal que compreendem a verdade.

7. Conceitos Divergentes de Regeneração

a. Conceito Pelagiano

Segundo este, o gomo é tanto capaz de desistir de pecar como cometer pecado. Somente os atos da volição consciente são tidos como pecados. Em conseqüência, a regeneração consiste simplesmente numa reforma moral. Quer dizer que o homem, que antes optou pela transgressão da lei, agora opta por viver em obediência.

b. Regeneração Batismal

i. Na Igreja Católica: Segundo a Igreja Católica, a regeneração inclui, não somente a renovação espiritual, mas também a justificação ou o perdão dos pecados, e é efetuada por intermédio do batismo. No caso das crianças,a obra da regeneração é sempre eficaz; não no caso dos adultos, pois estes podem resistir e torna-la ineficaz. Além disso, é sempre possível que aqueles que se apropriaram dela venham a perde-la de novo.

ii. Na Igreja Anglicana: A igreja da Inglaterra não é unânime sobre este ponto. Os puseytas concordam no essencial com a Igreja Católica, mas outra parte da igreja distingue duas espécies de regeneração: (1) Uma consistindo numa mera mudança da relação da pessoa com a igreja e com os meios de graça; (2) e outra, numa mudança fundamental da natureza humana. De acordo com este grupo, somente a primeira delas é efetuada pelo batismo. Esta regeneração não inclui nenhuma renovação espiritual. Por meio dela, o homem apenas entra numa nova relação com a igreja, e se torna filho de Deus no mesmo sentido em que os judeus se tornaram filhos de Deus pela aliança, cujo selo era a circuncisão.

iii. Na Igreja Luterana: Os luteranos consideram o homem completamente passivo na regeneração e incapaz de contribuir com alguma coisa para ela. Porém, ao mesmo tempo, ensinam que o batismo, agindo ex opere operato, é o meio usual pelo qual Deus efetua a regeneração. É o meio usual, mas não o único, pois a pregação da Palavra também pode produzi-la. Segundo os luteranos, a regeneração pode ser perdida. Mas pela graça de Deus pode ser restabelecida no coração do pecador penitente e isto sem o rebatismo.

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Quem sou eu

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Doutorando em Ciências da Religião (PUC-GO), Mestre em Ciências da Religião (PUC-GO), Licenciatura em Pedagogia (UVA-CE), História (UVA-CE), Matemática (UNIFAN-GO) e Bacharel em Teologia (FACETEN-Ro). Professor de Metodologia do Ensino da Matemática; Metodologia do Ensino das Ciências Naturais; Educação e Cultura; Fundamentos Epistemológicos da Educação e Educação, Sociedade e Meio Ambiente, Filosofia, Ética, Ciências Políticas (FANAP).